segunda-feira, 25 de maio de 2015

Comunicado

Queridos cinéfilos. Em virtude da greve dos municipários, a programação regular da Cinemateca Capitólio está suspensa por tempo indeterminado. Pedimos desculpas pelo transtorno. Mas aguardem novidades, com novos filmes inéditos, clássicos e novas mostras na tela da Cinemateca.


sexta-feira, 8 de maio de 2015

8x André Téchiné



A partir de sexta-feira, 15 de maio, a Cinemateca Capitólio exibe a mostra 8x André Téchiné, com oito filmes de um dos mais importantes realizadores franceses. A mostra é realização da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia e da Vai & Vem Produções Culturais, com apoio da Embaixada da França no Brasil e do Consulado da França em São Paulo. Os ingressos custam R$ 10,00.  

A primeira grande mostra da Cinemateca Capitólio apresenta obras célebres como Hotel das Américas (1981), Rendez-vous (1985) e Rosas Selvagens (1994) em cópias em 35mm. Na quarta-feira, 20 de maio, após a sessão de As Testemunhas (2007), acontece um debate com o crítico e pesquisador Luiz Carlos Oliveira Jr, autor do livro A Mise En Scène no Cinema - do Clássico ao Cinema de Fluxo.   

O projeto de restauração e de ocupação da Cinemateca Capitólio foi patrocinado pela Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e Ministério da Cultura. O projeto também contou com recursos da Prefeitura de Porto Alegre, proprietária do prédio, e realização da Fundação Cinema RS – FUNDACINE


8x André Téchiné
Texto de Liciane Mamede, curadora da mostra.

André Téchiné, cineasta francês, iniciou sua carreira como diretor cinematográfico em 1967 com o filme Paulina s'en va (que seria lançado apenas em 1969). É apenas, contudo, a partir de 1975, ano de seu segundo longa-metragem, que sua carreira vai de fato deslanchar e alcançar uma continuidade regular. Vindo da crítica, com passagem pelos Cahiers du Cinéma, o jovem faz parte de uma geração de cineastas que se lança na profissão num momento em que a Nouvelle Vague, maior movimento cinematográfico surgido na França do pós-guerra, já havia atingido certo esgotamento e se desmembrado em diversas subtendências. Nomes como Benoît Jacquot, Chantal Akerman, Jacques Doillon e o próprio Téchiné se engajam na profissão trazendo, a partir dos anos 1970, um novo fôlego ao cinema jovem francês que, alguns anos antes, já havia ganhado o reforço de uma geração que trouxe à cena nomes cruciais como Maurice Pialat, Philippe Garrel e Jean Eustache. 

Hoje, mais de quarenta anos depois de sua estreia, Téchiné é um dos mais reconhecidos cineastas franceses ainda em atividade. Dono de uma obra relevante realizada praticamente em fluxo contínuo, ele acumula em sua carreira mais de duas dezenas de longas-metragens. Nas últimas décadas, Téchiné lançou uma média de um filme a cada dois anos, o que, para além do sucesso de crítica que seus filmes sempre alcançaram, confirma igualmente seu talento, revelado ainda muito cedo, para travar fértil diálogo com o público. 

No Brasil, sua obra recente não é totalmente desconhecida do público cinéfilo. Porém, o que este evento propõe é colocar em perspectiva toda a sua carreira sob a forma de uma homenagem, focando principalmente em filmes menos recentes, sobretudo das décadas de 1970 e 1980, certamente pontos altos da carreira do diretor e que são menos óbvios para o público brasileiro. 

André Téchiné e sua obra

Dez anos após a eclosão da Nouvelle Vague, a geração que começa a fazer filmes no final da década de 1960 já não tem mais um grande inimigo a atacar (“o cinema de qualidade francês”), a revolução da modernidade no cinema já estava feita. É neste momento justamente que a Nouvelle Vague não passará incólume à uma revisão crítica. Os novos cineastas surgidos da ressaca do cinema moderno não verão mais no naturalismo um valor incontornável. Assim, os primeiros filmes de Téchiné são marcados pela busca de uma mise-en-scène antinaturalista guiada pela suas referências teatrais, principalmente no que se refere ao jogo dos atores. Segundo ele, sua relação com os atores no início era excessivamente “teórica” e será completamente transformada a partir de seu encontro com Catherine Deneuve, em Hôtel des Amériques (1981), seu quinto filme que traz ainda Patrick Dewaere em grande atuação. 

O trabalho com os atores é algo de notável na obra de Téchiné; seus filmes são marcados por personagens fortes, além do que, sua mise en scène certamente exige por parte daqueles que os interpretam grande entrega. Assim, desde muito cedo, o cineasta começa a contar com grandes nomes do cinema francês em seus longas; o trabalho com grandes atores acaba invariavelmente se tornando uma de suas principais marcas. Entre aqueles com quem trabalhou, estão Bulle Orgier (Paulina s'en va, 1969), Jeanne Moreau e Marie-France Pisier (Souvenirs d'en France, 1975), Gérard Depardieu (Barocco, 1976) Isabelle Adjani e Isabelle Huppert (Les soeurs Brontë, 1979), Patrick Dewaere (Hôtel des Amériques, 1981), Sandrine Bonnaire e Jean-Claude Brialy (Les innocents, 1987), Emmanuelle Béart (J'embrasse pas, 1991 e Les témoins, 2007), Daniel Auteil (Ma saison préférée, 1993 e Les voleurs, 1996), Juliette Binoche (Rendez-vous, 1985 e Alice e Martin, 1998), Gérard Depardieu (Les temps qui changent, 2004) e Catherine Deneuve, sua musa em diversos filmes. 

Em 1979, com seu terceiro filme, Les soeurs Brontë (1979), Téchiné é pela primeira vez indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes, um feito que se repetiria outras cinco vezes. Ainda em 1985, ele ganha o prêmio de melhor direção por Rendez-vous, um filme sensorial, ainda bastante centrado na força e na presença dos personagens e no potencial destrutivo da relação entre eles, um tema que já havia sido brilhantemente explorado em Hôtel des Amériques, seu longa anterior, e que persistirá na obra do cineasta, sendo também o tema principal de seu último filme L'Homme qu'on aimait trop (2014). A partir da segunda metade dos anos 1980, a obra de Téchiné começa a ganhar ingredientes mais pessoais, o que acompanha seu processo de maturidade artística, e ganham também em refinamento narrativo; suas histórias tornam-se mais complexas e os personagens, mais numerosos. Seu filme mais pessoal (e um dos mais premiados) é sem dúvida Les Roseaux sauvages (1994), inicialmente pensado para ser um telefilme de baixo orçamento, mas que acabou sendo lançado nos cinemas e alcançou um sucesso estrondoso de público e crítica. 



FILMES

Barroco, o Jardim do Suplicio (Barocco, França, 1976, 105') 

Com: Isabelle Adjani, Gerard Depardieu, Marie-France Pisier, Jean-Claude Briali, Hélène Surgère

Terceiro longa-metragem realizado por André Téchiné. Samson, um lutador de boxe (Depardieu), tem informações que podem acabar com a carreira de um conhecido político cuja candidatura às eleições presidenciais será lançada nos próximos dias. A fim de impedir que essas revelações venham à tona, o partido do candidato suborna Samson e impõe como condição que ele deixe o país imediatamente com sua namorada (Adjani). Exibição em Blu-ray / Legendagem eletrônica em português


As Irmãs Bronte (Les soeurs Brontë, França, 1979, 115') 

Com: Isabelle Adjani, Marie-France Pisier, Isabelle Adjani, Marie-France Pisier, Isabelle Huppert, Pascal Greggory, Hélène Surgère
O filme se inspira na vida das irmãs Bronte: Emily, Charlotte et Anne. As três cresceram numa pequena propriedade no interior da Inglaterra, sob uma rígida educação protestante. Muito cedo, elas vão começar a desenvolver aptidão para a literatura e, sob pseudônimos, publicam obras que alcançam grande sucesso, entre elas, o grande clássico da literatura inglesa “O morro dos ventos uivantes”. Suas vidas, no entanto, foram marcadas pela fatalidade. Exibição em 35mm.

Hotel das Américas (Hôtel des Amériques, França, 1981, 95')
Com: Catherine Deneuve, Patrick Dewaere, Etienne Chicot, Sabine Haudepin

Filme chave na carreira de Téchiné por marcar sua virada em direção a um cinema de mise-en-scène mais realista. É também sua primeira colaboração com a atriz Catherine Deneuve. Determinada noite, Hélène (Deneuve), uma médica anestesista, atropela Gilles (dono de um hotel decadente em Biarritz). Sob o signo do acaso, uma intensa relação tem início. Exibição em 35mm.

Rendez-vous (França, 1985, 87')

Com: Juliette Binoche, Lambert Wilson, Wadeck Stanczak, Jean-Louis Trintignant, Jacques Nolot
Em seu primeiro grande papel no cinema, Juliette Binoche vive uma aspirante a atriz recém-chegada a Paris. Ao buscar um apartamento para alugar na cidade, ela conhece o agente imobiliário Paulot (Stanczak). Este encontro desencadeará uma série de fatos que começarão a movimentar a vida da jovem não apenas no plano profissional, mas também afetivo. Exibição em 35mm.

O Local do Crime (Le lieu du crime, França, 1986, 90')

Com: Catherine Deneuve, Danielle Darrieux, Wadeck Stanczak, Jacques Nolot, Nicolas Giraudi
Numa cidadezinha do interior da França, Thomas (Giraudi), um adolescente de 14 anos, encontra Martin (Stanczak), um criminoso em fuga que pede dinheiro para deixar o garoto em paz. Thomas fará de tudo para dar aquilo que Martin exige, porém o desenrolar desta história não será como planejado. Em particular, os rumos da trama tomam caminhos inesperados a partir do momento em que Martin encontra a mãe de Thomas, Lili (Deneuve). Exibição em 35mm.

Rosas Selvagens (Les roseaux sauvages, França, 1994, 110')

Com: Élodie Bouchez, Gaël Morel, Stéphane Rideau, Frédéric Gorny, Michèle Moretti, Jacques Nolot
Filme de baixo orçamento pensado primeiramente como episódio de uma série televisiva chamada “Tous les garçons et les filles de leur âge”, mas que, posteriormente, foi transformado por Téchiné em um longa-metragem e lançado nos cinemas. Considerado um dos mais belos filmes do diretor, esta obra possui também alguns elementos autobiográficos. O local (sudoeste da França) e o período do filme (início dos anos 1960) são exatamente aqueles em que o próprio Téchiné viveu sua adolescência. François (Morel), Serge (Rideau) e Henri (Gorny) são três jovens que estudam na mesma escola e que começam a se deparar com os primeiros impasses da vida. As questões amorosas, assim como diferenças relativas a visões de mundo divergentes terão lugar tendo como pano de fundo o tenso contexto marcado pela guerra da Argélia. Exibição em 35mm.
 
Os Ladrões (Les Voleurs, França, 1996, 117')

Com: Catherine Deneuve, Daniel Auteuil, Laurence Côte, Benoît Magimel, Fabienne Babe, Didier Bezace
A morte de Ivan (Bezace) trará à tona não apenas os negócios escusos com os quais ele estava envolvido, mas também todo o desconforto da relação entre seu irmão, o policial Alex (Auteuil), e o resto da família. Mergulhando no caso da morte do irmão, Alex chegará à Jimmy (Magimel), parceiro de Ivan e também irmão de Juliette (Côte), jovem atraente com quem o policial passa a ter uma relação no curso das investigações. Exibição em 35mm.

As testemunhas (Les Témoins, França, 2007, 112')

Com: Michel Blanc, Emmanuelle Béart, Sami Bouajila, Julie Depardieu, Johan Libéreau
Desde que conhece o jovem Manu (Libéreau), o médico Adrien (Blanc) fica completamente apaixonado. Manu porém prefere preservar a relação apenas no nível da amizade. Adrien apresenta-o então à sua melhor amiga, Sarah (Béart), que acabou de ter um filho e vive uma relação aberta com o marido (Bouajila). Passado em meados dos anos 1980, o filme tem como contexto o momento da descoberta e disseminação da Aids na Europa. Exibição em 35mm.



GRADE DE HORÁRIOS
15 a 24 de maio de 2015


15 de maio (sexta-feira)

20:00 – Hotel das Américas

16 de maio (sábado)

17:00 – Rosas Selvagens
19:00 – As Irmãs Brontë

17 de maio (domingo)

15:00 – Os Ladrões
17:00 – Rendez-vous
19:00 – O Local do Crime

19 de maio (terça)

20:00 – Os Ladrões

20 de maio (quarta)

20:00 – As Testemunhas

21 de maio (quinta)

20:00 – As Irmãs Brontë

22 de maio (sexta)

20:00 – Projeto Raros: Barroco, o Jardim do Suplício (Sessão na Sala P. F. Gastal/Usina do Gasômetro)

23 de maio (sábado)
15:00 – O Local do Crime
17:00 – Rosas Selvagens
19:00 –  Rendez-vous

24 de maio (domingo)
17:00 – As Testemunhas
19:00 – Hotel das Américas






Últimos dias para ver Cuba Libre e Era uma Vez na Anatólia



Os filmes Era uma Vez na Anatólia, de Nuri Bilge Ceylan, e Cuba Libre, de Evaldo Mocarzel, seguem em cartaz na Cinemateca Capitólio ao longo da semana, entre 19 e 22 de maio, no período em que o espaço também recebe a mostra 8x André Téchiné.
O projeto de restauração e de ocupação do espaço foi patrocinado pela Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e Ministério da Cultura. O projeto também contou com recursos da Prefeitura de Porto Alegre, proprietária do prédio, e realização da Fundação Cinema RS – FUNDACINE.

ERA UMA VEZ NA ANATÓLIA
(Turquia/Bósnia, 2011, 157 minutos)
(Bir Zamanlar Anadolu'da)
Dirigido por Nuri Bilge Ceylan

Nas planícies da Anatólia, na Turquia, um grupo composto de um policial, um médico legista e um advogado conduz dois prisioneiros em busca do local onde enterraram sua vítima. Já é tarde da noite e, em meio à escuridão, eles não conseguem mais encontrar o local exato onde foi colocado o cadáver. Entre as divagações e os deslocamentos, o advogado e o médico começam a se conhecer melhor, percebendo que eles têm pontos de vista muito diferentes sobre a vida. Exibição em 35mm.

CUBA LIBRE
(Brasil, 201 75 minutos)
Dirigido por Evaldo Mocarzel

Cuba Libre focaliza o retorno da atriz transexual cubana Phedra de Cordoba, do grupo teatral Satyros, a Havana depois de 53 anos sem pisar no seu pais. O filme coloca em discussão a luta pelos direitos dos homossexuais em um ambiente extremamente machista como a ilha governada durante décadas por Fidel Castro, hoje comandada por seu irmao Raul. Nos primeiros anos da revolução cubana, os homossexuais eram confinados em campos de concentração, onde eram obrigados a cortar cana de sol a sol. Nos dias de hoje, e nosso documentário capta justamente essa guinada histórica em Cuba, foi criado um decreto pela filha de Raúl Castro, Mariela (diretora do Centro Nacional Cubano de Educação Sexual e uma ativista pelos direitos da comunidade LGBT), que obriga o respeito e a aceitação de todos os gays. Convidada pelos Satyros, a equipe do nosso documentário chegou a Havana no auge desse momento histórico em que os homossexuais estavam literalmente tentando “sair do armário”, e a presença da musa Phedra de Córdoba foi marcante nesse processo, tendo sido recebida até mesmo pelo ministro da cultura de Cuba.


GRADE DE HORÁRIOS
19 a 24 de maio de 2015

19 de maio (terça)

15:00 – Cuba Libre 
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00 – Os Ladrões


20 de maio (quarta)

15:00 – Cuba Libre 
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00 – As Testemunhas + debate com o crítico Luiz Carlos Oliveira Jr.


21 de maio (quinta)

15:00 – Cuba Libre 
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00 – As Irmãs Brontë


22 de maio (sexta)

15:00 – Cuba Libre 
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00  – Projeto Raros: Barroco, o Jardim do Suplício (Sessão na Sala P. F. Gastal/Usina do Gasômetro)

23 de maio (sábado)

15:00 – O Local do Crime
17:00 – Rosas Selvagens
19:00 –  Rendez-vous

24 de maio (domingo)
17:00 – As Testemunhas
19:00 – Hotel das Américas

Luiz Carlos Oliveira Jr. e Raros Especial na mostra 8x André Téchiné









Nesta semana acontecem duas sessões especiais dentro da mostra 8x André Téchiné. Na quarta-feira, 20 de maio, às 20h, a Cinemateca Capitólio recebe o crítico e pesquisador Luiz Carlos Oliveira Jr. para conversar com o público sobre a obra do realizador francês, após a exibição de um de seus filmes mais recentes, As Testemunhas (2007). Na sexta-feira, 22 de maio, às 20h, acontece uma edição especial do Projeto Raros da Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) com uma das obras mais importantes da fase inicial de Téchiné, Barroco, o Jardim do Suplício (1976).

A mostra é uma realização da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia e da Vai & Vem Produções Culturais e Cinematográficas, com apoio da Embaixada da França no Brasil, o Consulado da França em São Paulo e do restaurante Atelier de Massas.

A conclusão das obras da Cinemateca Capitólio representa um momento histórico na vida cultural de Porto Alegre. Iniciado em 2004, o longo e complexo processo de restauração do Cine-Theatro Capitólio, uma das mais luxuosas salas de cinema da cidade, além de recuperar a vocação original do espaço como sala de exibição, também teve o objetivo de transformar o prédio em um local destinado à preservação da memória audiovisual do Rio Grande do Sul. O projeto de restauração e de ocupação do espaço foi patrocinado pela Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e Ministério da Cultura. O projeto também contou com recursos da Prefeitura de Porto Alegre, proprietária do prédio, e realização da Fundação Cinema RS – FUNDACINE

LUIZ CARLOS OLIVEIRA JR.

Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), sob orientação do Prof. Dr. Ismail Xavier. Autor do livro "A mise en scène no cinema: do clássico ao cinema de fluxo" (Papirus, 2013). Atuou como crítico de cinema na revista eletrônica Contracampo no período 2002-2011, participando do corpo editorial de 2004 em diante. Curador das mostras de cinema "Vincente Minelli - Cinema de Música e Drama" (CCBB-RJ e SP, 2011) e "Jacques Rivette - Já Não Somos Inocentes (CCBB-RJ e SP, 2013). Como professor convidado, lecionou a disciplina Crítica Cinematográfica no curso de Cinema e TV da Faculdade de Artes do Paraná (segundo semestre de 2008). Autor do artigo De volta para o futuro: a nova era do cinema sul-coreano publicado em Cinema Mundial Contemporâneo, Campinas, SP: Papirus, 2008. Participou do Trainee Project for Young Film Critics do Festival Internacional de Cinema de Roterdã de 2008. Integrou o programa Collegium, para jovens pesquisadores de cinema, da 27ª e da 28ª edições da Giornate de Cinema Muto de Pordenone (Itália), em outubro de 2008 e de 2009, respectivamente. Já colaborou para as revistas Bravo!, Cult, Interlúdio, Paisà e Foco e para o Guia Folha Livros, Discos e Filmes. Ministrou cursos e oficinas em espaços como Centro Cultural Banco do Brasil, CineSESC, Cine Humberto Mauro e Fundação Getúlio Vargas. Diretor e roteirista de O dia em que não matei Bertrand , curta-metragem 35 mm adaptado do conto homônimo de Sérgio Sant’anna.

AS TESTEMUNHAS

(Les Témoins, França, 2007, 112')
Com: Michel Blanc, Emmanuelle Béart, Sami Bouajila, Julie Depardieu, Johan Libéreau
Desde que conhece o jovem Manu (Libéreau), o médico Adrien (Blanc) fica completamente apaixonado. Manu porém prefere preservar a relação apenas no nível da amizade. Adrien apresenta-o então à sua melhor amiga, Sarah (Béart), que acabou de ter um filho e vive uma relação aberta com o marido (Bouajila). Passado em meados dos anos 1980, o filme tem como contexto o momento da descoberta e disseminação da Aids na Europa. Exibição em 35mm.


RAROS: BARROCO, O JARDIM DO SUPLÍCIO
(Barocco, França, 1976, 105')

Com: Isabelle Adjani, Gerard Depardieu, Marie-France Pisier, Jean-Claude Briali, Hélène Surgère
Terceiro longa-metragem realizado por André Téchiné. Samson, um lutador de boxe (Depardieu), tem informações que podem acabar com a carreira de um conhecido político cuja candidatura às eleições presidenciais será lançada nos próximos dias. A fim de impedir que essas revelações venham à tona, o partido do candidato suborna Samson e impõe como condição que ele deixe o país imediatamente com sua namorada (Adjani). Exibição em Blu-ray / Legendagem eletrônica em português


GRADE DE HORÁRIOS
CINEMATECA CAPITÓLIO
19 a 24 de maio de 2015
19 de maio (terça)
15:00 – Cuba Libre
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00 – Os Ladrões

20 de maio (quarta)
15:00 – Cuba Libre
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00 – As Testemunhas + debate com o crítico Luiz Carlos Oliveira Jr.

21 de maio (quinta)
15:00 – Cuba Libre
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00 – As Irmãs Brontë

22 de maio (sexta)
15:00 – Cuba Libre
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00 – Projeto Raros: Barroco, o Jardim do Suplício (Sessão na Sala P. F. Gastal/Usina do Gasômetro)

23 de maio (sábado)
15:00 – O Local do Crime
17:00 – Rosas Selvagens
19:00 – Rendez-vous

24 de maio (domingo)
17:00 – As Testemunhas
19:00 – Hotel das Américas





quinta-feira, 7 de maio de 2015

Era uma Vez na Anatólia e Cuba Libre em cartaz



Os cinéfilos de Porto Alegre ganharam mais uma chance para ver o premiado filme de Nuri Bilge Ceylan, Era uma Vez na Anatólia, na Cinemateca Capitólio. O documentário Cuba Libre, de Evaldo Mocarzel, também será exibido entre os dias 12 e 15 de maio.  

Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2011, o filme de Ceylan apresenta uma violenta trama policial nas planícies turcas da Anatólia. Dono de uma estética singular, o diretor é um dos mais renomados do cenário contemporâneo. Seu último filme, Sono de Inverno, com previsão de estreia brasileira para o segundo semestre de 2015, venceu a Palma de Ouro em Cannes em 2014. 

Era uma Vez na Anatólia (Turquia/Bósnia, 2011, 157 minutos) 
(Bir Zamanlar Anadolu'da) 
Dirigido por Nuri Bilge Ceylan 

Nas planícies da Anatólia, na Turquia, um grupo composto de um policial, um médico legista e um advogado conduz dois prisioneiros em busca do local onde enterraram sua vítima. Já é tarde da noite e, em meio à escuridão, eles não conseguem mais encontrar o local exato onde foi colocado o cadáver. Entre as divagações e os deslocamentos, o advogado e o médico começam a se conhecer melhor, percebendo que eles têm pontos de vista muito diferentes sobre a vida. Exibição em 35mm.

Cuba Libre (Brasil, 2011, 75 minutos)
Dirigido por Evaldo Mocarzel

Phedra de Córdoba é uma atriz transexual, nascida em Cuba, mas exilada no Brasil há mais de cinco décadas. As razões de sua partida foram a incompatibilidade com o regime de Fidel Castro e a profunda transfobia vigente na ilha. Décadas depois, Phedra retorna a Cuba para descobrir as transformações do país, na época em que a filha de Fidel, Mariela, luta por uma maior aceitação de gays, lésbicas, transexuais e transgêneros.

GRADE DE HORÁRIOS
12 a 15 de maio de 2015

12 de maio (terça-feira)

15h – Cuba Libre
16h30 – Era uma Vez na Anatólia

13 de maio (quarta-feira)

15h – Cuba Libre
16h30 – Era uma Vez na Anatólia
19h30 – Festival Escolar (Sessão Fechada)

14 de maio (quinta-feira)

15h – Cuba Libre
16h30 – Era uma Vez na Anatólia
20h00 – A Música de Gion, de Kenji Mizoguchi (entrada franca)

15 de maio (sexta-feira)

15h – Cuba Libre
16h30 – Era uma Vez na Anatólia
20h  Hotel das Américas (abertura da mostra 8x André Téchiné)

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Exibição gratuita de A Música de Gion




 
Nesta quinta-feira, 14 de maio, às 20h, a Cinemateca Capitólio exibe o filme A Música de Gion, de Kenji Mizoguchi. A sessão é uma programação especial dentro da mostra O Cinema de Kenji Mizoguchi, que acontece na Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro, em parceria com a Fundação Japão e o Escritório Consular Japonês em Porto Alegre, até o dia 17 de maio. A entrada é gratuita.
 
Confira os horários da mostra na Sala P. F. Gastal: http://www.salapfgastal.blogspot.com.br/2015/04/o-cinema-de-kenji-mizoguchi.html
 
A Música de Gion (Japão, 1953, 85 minutos)
A gueixa Miyoharu precisa de uma grande quantia de dinheiro para o debute de sua aprendiz, Eiko. Para ajudá-la, seu amigo Okimi, que pega o valor emprestado com o empresário Kusuda. Como pagamento, Kusuda quer possuir Eiko e ofertar Miyoharu como presente a Kanzaki, para fechar um negócio. As duas vão contra a tradição e se rebelam. Exibição em 35mm.

KENJI MIZOGUCHI

Destacando-se nos principais festivais europeus na década de 1950 (Oharu, Contos da Lua Vaga e O Intendente Sansho receberam prêmios importantes em Veneza), Mizoguchi foi rapidamente alçado ao panteão dos principais realizadores do mundo, especialmente pela crítica francesa, que via na obra do japonês o supra-sumo daquilo que era tido como a principal especificidade do cinema: a arte da mise en scène. Dizia o então crítico Jacques Rivette, na revista Cahiers du Cinéma: “esses filmes - que nos falam, numa língua estrangeira, de histórias às quais nossos costumes e modos de vida são completamente alheios - se comunicam conosco através de uma linguagem familiar. Qual linguagem? A única à qual um cineasta deve reivindicar quando tudo está dito e feito: a linguagem da mise en scène”. Naqueles anos, Mizoguchi era recebido como uma novidade singular no Ocidente, mas já havia realizado mais de cinquenta filmes desde sua estreia, em 1923, ainda no período silencioso do cinema japonês.

Nos anos 1930, Mizoguchi ficou conhecido pelo modo atípico de filmar, construindo a maioria das cenas em apenas um plano, deixando muitas vezes a câmera distante dos atores – num tipo de enquadramento que só seria frequente no cinema contemporâneo. Desde o início, colocou em cena o seu tema favorito: a luta das mulheres e o conseqüente destino trágico num país de costumes patriarcais, tanto em representações contemporâneas quanto em narrativas do período antigo. Nos pós-segunda guerra, Mizoguchi intensificou seu olhar sobre as tragédias femininas, construindo uma série de melodramas sobre a condição da mulher japonesa, entre nobres infelizes, gueixas revoltadas e camponesas dedicadas à família. Na última década de vida, o cineasta apurou ainda mais o seu estilo cinematográfico, trabalhando o plano-sequência e os enquadramentos com uma sensibilidade jamais igualada na história do cinema.